História da CAMID
“Há que se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flores, flor e fruto”,
 Milton Nascimento

A história da Camid começou com o olhar atento do Padre Carlos Roberto Vicente, pároco da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, que recebeu seu chamado para o sacerdócio a partir da convivência nas comunidades e pastorais das quais participou.

Vendo o sofrimento do povo, sentiu que poderia fazer algo, mesmo que não fosse grande, mas que ajudaria a aliviar o sofrimento e apontar soluções. “Sempre tive a convicção de que a solução é Jesus Cristo. Não como o milagreiro, mas aquele que fortalece, dá criatividade e conduz os que descruzam os braços e colocam as mãos à obra”, diz.

Em 20 anos de sacerdócio, o padre garante ter visto muitos abraçarem causas que não eram suas, mas que depois teve um sentido enorme em suas vidas.  E foi assim que nasceu a CAMID – Casa de Apoio ao Menor Irmã Dulce.

O Padre Carlos viu de perto o sofrimento das crianças tiradas de suas famílias por sofrerem todo o tipo de violência. Na época, já havia um projeto da Prefeitura com famílias de apoio, mas com a ajuda da paroquiana D. Alda, que já vivia a experiência de acolher crianças separadas da família, buscaram ajuda, pois as dificuldades para manterem as crianças eram muitas.

Na época, o caso de um bebê que havia sido acolhido por uma família e depois novamente entregue aos pais biológicos que, posteriormente, a teriam matado, foi um momento de muita comoção.

A partir daí, iniciou-se todo o processo para a criação da casa-abrigo. Foram realizadas reuniões com a Assistência Social da Prefeitura e a Vara da Infância e Juventude, que deram todo o apoio necessário.

O trabalho começou com o aluguel de uma casa, para acolher crianças que o Conselho Tutelar enviava. O trabalho exigiu muitos voluntários, homens e mulheres que, de braços abertos, doavam-se, tanto no trabalho quanto nas arrecadações.  A rádio comunitária, Anúncio FM, teve grande participação na campanha.

O caminho se deu com passos de muitos. Inicialmente, contou com o serviço de assistente social, médico pediatra, psicólogo, nutricionista e pessoas registradas para o cuidados com as crianças e com a casa.

O desejo inicial era o de acolher crianças e realizar um trabalho personalizado junto aos pais, tornando-os aptos para receberem de volta seus filhos.

Cabe ressaltar que uma visita a uma casa abrigo em Mococa, criada pelo Pe. Roberto Carlos Scaler, também foi motivo para que o trabalho acontecesse.

Há de se cuidar bem da criança. Toda a criança tratada com amor aprenderá a amar. O grande compositor Milton Nascimento, em sua canção ‘Coração de Estudante’, canta essa relação de troca e de cuidado: “há de se cuidar do broto, pra que a vida nos de flor, flor e fruto“, finaliza orgulhoso o Padre.

  1. Porque o nome Irmã Dulce?

Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes (Salvador, 26 de maio de 1914 — Salvador, 13 de março de 1992), mais conhecida como Irmã Dulce, Beata Dulce dos Pobres ou Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo recebido o epíteto de “o anjo bom da Bahia”, foi uma religiosa católica brasileira, que fez muitas ações de caridade e assistência para quem mais precisava.

Irmã Dulce ganhou notoriedade por suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados, obras essas que ela praticava desde muito cedo. Na juventude já lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Ela também criou e ajudou a criar várias instituições filantrópicas: uma das mais importantes e famosas é o Hospital Santo Antônio, que foi construído no lugar do galinheiro do Convento Santo Antônio. Hoje atende diariamente mais de cinco mil pessoas.

Em sua homenagem, São João da Boa Vista nomeou a principal casa de apoio ao menos como CAMID – Casa de Apoio Irmã Dulce.

Irmã Dulce foi uma das mais importantes, influentes e notórias ativistas humanitárias do século XX. Suas grandes obras de caridade são referência nacional, e ganharam repercussão pelo mundo. Seu nome é sempre relacionado à caridade e amor ao próximo.

Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz no ano de 1988 pelo então presidente do Brasil, José Sarney, porém não ficou com o título. Em 2011, foi beatificada pelo enviado especial do Papa Bento XVI, Dom Geraldo Majella Agnelo, em Salvador, sendo a beatificação o último passo antes da canonização. Irmã Dulce pode se tornar a primeira Santa Católica nascida no Brasil. Em 2001, foi eleita “a religiosa do século XX”, em uma eleição que foi publicada pela revista Isto É. Em 2012, foi eleita uma dos 12 maiores brasileiros de todos os tempos em pesquisa feita pelo SBT, para eleger a personalidade que mais contribuiu para o país.

Em 2014 o governador da Bahia, Jaques Wagner, instituiu por um decreto a data de 13 de agosto como o Dia Estadual em Memória à Bem Aventurada Dulce dos Pobres. Contudo, a data não será feriado no estado, por não ter mais vagas disponíveis no calendário local.