Nossa História

Amor e respeito no acolhimento de crianças e adolescentes
“Há que se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flores, flor e fruto”,
 Milton Nascimento

Tudo começou com o olhar atento do Padre Carlos Roberto Vicente – responsável pela Paróquia Sagrado Coração de Jesus, de 2000 a 2004, em São João da Boa Vista. Ao ver o sofrimento do povo, em especial das crianças, vítimas da violência familiar, que são retiradas de casa para protegê-las, ele percebeu que poderia fazer algo. Mesmo que não fosse grande, tinha certeza que minimizaria o sofrimento dos pequenos e ao mesmo tempo apontaria soluções.

Nessa época, já havia um projeto da Prefeitura com famílias de apoio. Com a ajuda de uma paroquiana que já estava envolvida no processo de acolhimento de crianças separadas das famílias, ele saiu à procura de ajuda, pois as dificuldades para manter as crianças eram muitas. Foi então que uma tragédia abalou a cidade. Um bebê, recebido temporariamente por uma família de apoio, foi morto pelos pais biológicos pouco depois de voltar para casa. O fato deu força para o início do processo da criação do abrigo, que veio a ser a Camid. A Assistência Social da Prefeitura e a Vara da Infância e Juventude deram todo o apoio necessário.

O primeiro passo foi o aluguel de uma casa para acolher crianças enviadas pelo Conselho Tutelar. O projeto exigiu a dedicação de muitos voluntários como assistente social, pediatra, psicólogo e nutricionista, além da contratação de funcionários registrados exclusivamente para cuidar das crianças e da manter a limpeza casa. Muitos se desdobraram para conseguir arrecadações suficientes para que a estrutura funcionasse. A rádio comunitária Anúncio FM teve grande participação na campanha.

“Sempre tive a convicção de que a solução é Jesus Cristo. Não como o milagreiro, mas aquele que fortalece, dá criatividade e conduz os que descruzam os braços e colocam as mãos à obra”, diz o padre. Em 20 anos de sacerdócio, ele garante ter visto muitos abraçarem causas que não eram deles, mas que depois ganharam um sentido enorme na vida de todos. Com a Camid – Casa de Apoio ao Menor Irmã Dulce –, aconteceu o mesmo.

O desejo era acolher crianças e realizar um trabalho personalizado junto aos pais, tornando-os aptos a receberem de volta seus filhos. Em Mococa, a casa abrigo criada pelo Padre Roberto Carlos Scaler era um exemplo bem-sucedido de a Camid era possível e isso facilitou o processo.

“Há de se cuidar bem da criança. Toda a criança tratada com amor aprenderá a amar. O grande compositor Milton Nascimento, em sua canção ‘Coração de Estudante’, canta essa relação de troca e de cuidado: “há de se cuidar do broto, pra que a vida nos dê flor, flor e fruto”, finaliza orgulhoso o Padre Carlos.

Uma homenagem à Irmã Dulce

Mais conhecida como Irmã Dulce, Beata Dulce dos Pobres ou Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo recebido o epíteto de “o anjo bom da Bahia”, a soteropolitana Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes teve uma vida guiada pelas ações de caridade e assistência para quem mais precisava. Nasceu em 1914. Na juventude, já lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Deu origem a várias instituições filantrópicas: uma das mais importantes e famosas é o Hospital Santo Antônio, construído no lugar do galinheiro do Convento Santo Antônio, que atende diariamente mais de cinco mil pessoas.

Irmã Dulce foi uma das mais importantes, influentes e notórias ativistas humanitárias do século XX. É referência nacional e internacional de desprendimento material e bondade. Chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz, em 1988, pelo então presidente do Brasil, José Sarney. Faleceu em 1992. Em 2011, foi beatificada pelo enviado especial do Papa Bento XVI, Dom Geraldo Majella Agnelo, em Salvador. Irmã Dulce pode se tornar a primeira Santa Católica nascida no Brasil. Em 2014, o Estado da Bahia instituiu a data de 13 de agosto como o Dia Estadual em Memória à Bem Aventurada Dulce dos Pobres.

“Sempre tive a convicção de que a solução é Jesus Cristo. Não como o milagreiro, mas aquele que fortalece, dá criatividade e conduz os que descruzam os braços e colocam as mãos à obra.”

diz, padre Carlos Roberto Vicente

diz, padre Carlos Roberto Vicente